Na noite da última terça-feira (4), dois investigadores da Polícia Civil foram presos suspeitos de desviar carga de cigarros contrabandeados que havia sido apreendida no dia 29 de junho, durante fiscalização na MS-462, em Vista Alegre.
A denúncia foi feita pelo próprio contrabandista, que identificou dois de seus veículos - que haviam sido apreendidos - estacionados em um "barracão" no Bairro Universitário, em Campo Grande.
Assim que reconheceu os veículos, contatou a Polícia Militar para informar o ocorrido e passar o endereço em que os veículos estavam estacionados.
De imediato, equipes da PM se deslocaram até o local. Duas quadras antes de chegar ao endereço, a viatura foi abordada pelo solicitante, que novamente se apresentou como o contrabandista responsável pela carga de cigarros que vinha do Paraguai e pelos veículos.
Ele relatou que um de seus motoristas havia abandonado o carro, um Astra, e fugido antes de chegar na fiscalização, e o outro havia sido preso, encaminhado pelas equipes da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Ambientais e de Atendimento ao Turista (DECAT) até a base do Batalhão da Polícia Militar Rodoviária (BPMRV), e que a equipe policial havia se apropriado do veículo e da carga sem fornecer qualquer documentação.
No momento em que conversavam com o denunciante, um Fiat Punto, com duas pessoas, saiu do depósito informado. Durante a abordagem, a PM verificou que o carona se tratava do investigador da Polícia Civil, Rodrigo Nunes Roque, de 44 anos.
A equipe se deslocou até o "barracão", e na frente do local encontrou o também investigador da Polícia Civil, Ciro Dantas, de 47 anos, e um homem identificado pela PM como Willian, que mantinha em seu veículo, uma Amarok, uma pistola calibre 40, sem possuir porte.
Willian afirmou ter recebido ligação do policial Ciro para "negociarem algo".
Os dois veículos Astra, reclamados pelo solicitante, estavam estacionados no pátio do depósito, carregados com cigarros da marca EURO.
Questionados, os dois investigadores da Polícia Civil afirmaram que, após a apreensão, a Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Ambientais e de Atendimento ao Turista (DECAT) levou os veículos para a base do Batalhão da Polícia Militar Rodoviária (BPMRV), e que até a manhã de ontem nenhum policial havia aceitado receber a apreensão.
Sendo assim, foram até Vista Alegre durante a tarde e trouxeram os veículos. Ciro e Rodrigo afirmaram que não havia espaço no pátio da DECAT e, por isso, decidiram deixar naquele local particular até conseguirem dar a destinação correta.
Durante vistoria no local, a PM identificou ainda um cômodo em que haviam maços de cigarro de marcas diferentes das encontradas anteriormente. O denunciante identificou os cigarros como os contrabandeados por sua equipe nos veículos Astra.
No Boletim de Ocorrência, há o registro de uma ligação do delegado titular da Decat, solicitando à PM que parasse de "causar uma crise institucional". Confira trecho:
"Durante o atendimento da ocorrência, o Policial Civil, Ciro, pediu a gentileza de atender uma ligação do delegado titular da DECAT, Maercio. O referido delegado pediu para pararmos de enrolar e causar uma crise institucional e levar a ocorrência logo para a DEPAC/CEPOL, e que era para PM parar de pensar que seus policiais estavam 'fazendo rolo', e que era um absurdo o fato de termos solicitado as armas dos policias civis durante a abordagem.
Foi informado ao nobre delegado que esse é um procedimento padrão de segurança. Diante dos fatos, foi dada voz de prisão aos autores."
Nos veículos Astra a carga de cigarro marca EURO totalizaram 960 maços. No deposito que havia no estabelecimento foram apreendidos 1.000 maços de cigarro marca Eigth e 1540 maços de cigarro marca FOX.
A ocorrência foi encaminhada para a DEPAC/CEPOL e todos os presos foram entregues à Polícia Civil.